7 momentos da história da Inteligência Artificial

Das criações humanas, a Inteligência Artificial talvez seja a mais incrível de todas. Fazer com que um sistema aprenda uma função e possa tirar conclusões tem o poder de transformar vidas – e todo um sistema econômico e social. De acordo com o pesquisador e autor Calum Chace e seu livro “Surviving AI: The Promise and Peril of Artificial Intelligence” (“Sobrevivendo à Inteligência Artificial”, sem tradução para o português), a tecnologia traz enormes benefícios, apesar de também apresentar diversos desafios.

Para ajudar a entender como essa invenção chegou até o momento presente, vamos percorrer 7 pontos em que o ser humano já pensava na questão das máquinas pensarem por si mesmas.

 

1 – Mitos gregos

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Histórias sobre inteligência artificial vêm desde a antiguidade com os gregos. A lenda de Hefesto é um exemplo. Ele era o ferreiro do Olimpo, filho de Hera e Zeus, ou apenas da deusa, segundo algumas lendas. Hefesto era o deus da tecnologia, artesãos e metalurgia e um de seus pais o atirou do Monte Olimpo, fazendo-o cair durante um dia inteiro até chegar à Terra. Com a queda, tornou-se manco. Cuidado pelas pessoas de Lemnos, conseguiu a permissão para retornar ao seu local de origem pela inventividade do seu trabalho.

Entre suas criações de destaque, está Pandora, um presente dos deuses para os homens, feita a partir de metais autômatos, e a águia encarregada de comer o fígado de Prometeu todos os dias.

 

2 – Frankenstein e R.U.R.

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Embora inúmeras histórias anteriores contivessem elementos que recorrem à ficção científica, o autor Brian Aldiss afirma que “Frankenstein”, de Mary Shelley, foi a origem do gênero, pois o herói tem a decisão deliberada de empregar métodos científicos e equipamentos. É importante acrescentar também que o título da obra se refira ao cientista louco, não à sua criação.

Outra história que narra o assunto é a peça teatral “Rossum’s Universal Robots”, ou “R.U.R.”, escrita pelo tcheco Karel Capek. Ela introduziu ao mundo a palavra “robô” e previu algumas preocupações, como o alto nível de desemprego causado pela automação.

 

3 – Charles Babbage e Ada Lovelace

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O primeiro design de computador foi desenhado por Charles Babbage, inventor da era Vitoriana. Ele nunca terminou seus dispositivos, mas em 1991 uma máquina foi feita com seus desenhos, utilizando as tecnologias disponíveis na época e demonstrando que o seu invento teria funcionado naqueles dias.

O mecanismo ‘Babbage’s Difference Engine’, produzido em 1822, lidava com funções matemáticas básicas, e o ‘Analytical Engine’, cujo desenho nunca foi finalizado, executava propósitos de computação geral. Uma metade do cérebro de Charles se encontra preservada no Royal College of Surgeons, e a outra parte está em exibição no Museu de Ciência de Londres.

A colaboradora de Babbage, Ada Lovelace, foi descrita como a primeira programadora de computação, graças aos algoritmos que criou para a ‘Analytical Engine’.

 

4 – Alan Turing

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O brilhante matemático Alan Turing é tido como o pai da ciência da computação e inteligência artificial. Seu maior feito foi quebrar o código naval nazista, chamado Enigma, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele usou complicadas máquinas, conhecidas como “bombas”, que eliminavam quantidades enormes de soluções incorretas. É estimado que, com seus esforços, a guerra tenha encurtado dois anos.

O que causa revolta é o seu não reconhecimento em vida. Processado por ser homossexual, foi obrigado a tomar injeções de hormônios femininos para ficar impotente – era isso ou a prisão. Dois anos depois morreu. Somente após 57 anos, o governo britânico se desculpou formalmente por seu comportamento.

Alan criou diversas máquinas. Em 1936, desenvolveu a “Turing Machine”, que consistia em uma longa fita dividida em quadrados, cada qual carregando um símbolo. Operando de acordo com as diretrizes de uma mesa de instrução, um leitor movia a fita para cima e para baixo, lendo cada quadro e símbolo por vez. Com isso, ele formulou a tese “Church-Turing”, que diz que uma máquina Turing poderia simular a lógica de qualquer algoritmo. É dele também a famosa invenção de consciência artificial, uma máquina que prova que está consciente.

 

5 – A Conferência Dartmouth

O evento é o nome do encontro que deu origem a Inteligência Artificial como campo de estudo, na universidade Dartmouth, em Hanover, nos Estados Unidos, no verão de 1956. Entre os organizadores, incluíam-se John McCarthy, Nathaniel Rochester, Claude Shannon e Marvin Minsky, que contribuíram largamente para a área.

Nos anos decorrentes da conferência, avanços impressionantes foram feitos em IA. Máquinas foram construídas para solucionar problemas matemáticos, e um programa chamado Eliza tornou-se o primeiro chat artificial, enganando usuários que pensavam que se tratava de algo realmente consciente. Estes sucessos foram possíveis, em parte, pelos gastos dos organismos de investigações militares, principalmente pela Agência de Defesa de Projetos de Pesquisa Avançada (DARPA), fundada em 1958 pelo presidente Eisenhower, como reação ao choque do lançamento do satélite Sputnik, o primeiro a orbitar ao redor da Terra, pelos soviéticos.

Nessa época tensa, mas otimista com relação à IA, diversos autores e pesquisadores acreditavam que dentro de pouquíssimos anos, a tecnologia já estaria disponível em larga escala.

 

6 – Lacunas da Inteligência Artificial

Quando o mundo percebeu que ia demorar mais que o previsto para desenvolver a Inteligência Artificial, houve descontentamento por parte do órgãos financiadores. Eles trouxeram isso a público num relatório de 1973, destacando o “problema combinatório”, pelo qual um simples cálculo com dois ou três variáveis se tornaria intratável se o número subisse.

A primeira vez que a IA ficou estagnada foi entre 1974 e 1980, época seguida de um novo boom, graças ao advento de sistemas especialistas e a quinta geração japonesa de computação, que adotou massivamente a programação paralela. Sistemas especialistas limitavam-se a resolver problemas utilizando vastos bancos de dados.

A fonte secou novamente no final de 1980 por causa da dificuldade das tarefas e da popularização do computadores pessoas, desktops, que ultrapassavam em potência e velocidade, tornando o legado das máquinas muito caro. O segundo “inverno” da IA descongelou no começo de 1990 e a tecnologia tem crescido desde então. Algumas pessoas estão preocupadas com o progresso da área, mas não há como evitá-la pela simples razão de que ela funciona economicamente.

 

7 – Inteligência Artificial em Hollywood

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É comum pensar que Hollywood detesta IA, ou que ela adora caracterizar a tecnologia como uma ameaça aos seres humanos. Sobre esse ponto de vista, o filme arquétipo de inteligência artificial é frio e mostra como o “inimigo” nos levará à extinção. Comumente, nós os derrotamos por termos emoções e amar nossas famílias e, por alguma razão, isso nos torna superior.

Na verdade, os filmes hollywoodianos possuem mais nuances que isso. Há diversas produções que trazem outras ideias. Em “Matrix”(1999), há sugestões de que a guerra começou com os homens e, no final da trilogia, não foi difícil para Neo persuadir as máquinas controladoras da mente a parar a destruição. Em “2001: Uma Odisseia no Espaço”(1968), a máquina só se vira contra os astronautas por causa da instruções que recebeu do Controle da Missão. Há longas que brincam com a dualidade dos sistemas, como “Wall-E”(2008), “Blade Runner”(1982) e “Os Vingadores: A Era de Ultron”(2015), apresentando o bem e o mal. Podemos apontar também filmes que as máquinas se rebelam contra seres humanos por causa dos maus-tratos que sofreram outrora, como em “Ex Machina” (2015) e “Eu, Robô”(2004).

O filme de 1970, “Colossus: The Forbin Project”, aborda uma questão interessante, que é a decisão de uma máquina de superinteligência de controlar o mundo para o próprio bem dos homens, pois, segunda ela, eles não seriam capazes de governar por si mesmos.

 

Com informações de “Surviving AI”, de Calum Chace.

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